segunda-feira, 28 de março de 2011

"Cisne Negro, para além do ballet".

Finalmente depois da linda Natalie Portman, ter conquistado Oscar por sua impecável atuação, consegui um tempo para assistir um dos filmes do ano passado mais comentados e elogiados. Alguns amigos por conhecer meu interesse em análises de filmes, me sugeriram escrever mais um post.
       
O drama, como o classifiquei , de Darren Aronofsky, se inicia por meio de um sonho de Nina (Natalie Portman), ela como personagem principal do famoso balé “O Lago dos Cisnes” (saiba mais aqui). No sonho Nina é a mocinha transformada em um cisne por um mago e só o amor do príncipe poderia quebrar tal feitiço. Mas o príncipe enganado acaba se apaixonando pelo cisne negro e então o cisne branco escolhe para si a morte.

A personagem principal é realmente uma “sweet girl”, Nina Sayers é uma esforçada bailarina de 28 anos, sua vida inteira foi dedicada à dança contando sempre com o apoio de sua mãe, uma bailarina aposentada que apoiou a ambição profissional da filha.

Porém a todo o momento a reprimiu de diversas formas. Inocente a protagonista chega a ter comportamentos infantis em sua relação com o mundo e sua mãe que se apresenta como “A” perfeccionista, depositando seu sonho frustrado de ser uma grande bailarina à filha. Como super protetora, acaba fazendo com que a filha viva em função de seus desejos, não permitindo seu crescimento.

Em uma das aulas, a personagem de Portmam fica sabendo que o diretor da escola de ballet fará uma versão de “O Lago dos Cisnes” e que procura uma bailarina que seja apta a representar o cisne branco e o cisne negro. Para a escolhida, ele exige nada menos que a perfeição. Nina reconhece ser uma bailarina com técnica admirável e disciplina necessária, mas sem alguns dos elementos que a interpretação do cisne negro exigiria.

Com uma atitude ousada e oposta a sua personalidade Nina consegue o olhar do diretor e é eleita a rainha dos cines. Os ensaios começam, a personagem é pressionada física e emocionalmente pelo diretor, por sua mãe, pelas demais bailarinas, sua rival e porque não dizer por si mesma.

Diante desse desafio de "superação", insegura e sem amigos, ela acaba por expor seu lado mais selvagem, vivendo entre os delírios, as alucinações e a realidade. Neste ponto, seu lado “negro” passou a se sobrepor sem que ela pudesse controlá-lo. Até mesmo em suas costas a pele foi sendo marcada, por ela mesma no lugar do crescimento de suas “futuras asas”.

Ao longo do filme a personagem na busca desenfreada pela perfeição acaba perdendo sua capacidade de discernir entre realidade e a fantasia. A bailarina entra em um quadro psicótico e até mesmo esquizofrênico.

Enfim,durante a noite de estréia, Nina vive de forma intensa tudo isso. Sua execução é perfeita e ousada, é como se transformasse nos palcos tanto o cisne negro quanto o cisne branco. Em seu delírio seu corpo adquire asas, penas, olhos. Ao final, toda sua realidade é compreendida, entretanto não resta nada além do grande salto que lhe confere a tão sonhada perfeição reforçada pelos aplausos calorosos do público, mas também o fim de seu próprio destino.

Sem dúvida alguma, este filme é um prato cheio para horas e horas de análise psicológica; a má influência no desenvolvimento da personalidade por uma mãe neurótica e super protetora, a crise existencial pela passagem tardia à vida adulta, a influência do ambiente, a psicopatologia, as crenças centrais, intermediárias etc e etc. Embora a vontade de fazê-la tenha sido a idéia inicial, enquanto escrevia algo me transpareceu mais a mente. Ainda que seja uma história de superação para muitos, maquiada pelo lado encantador do ballet, em meio a cenas “fortes” mostradas como delírios e alucinações que são possíveis de acontecer; o filme fala de um transcender puramente humano.

O que mais me chamou atenção e em meio a  minha análise enquanto assistia, foi um tema; a perfeição. E é sobre ela gostaria de escrever neste post.

A pergunta que me fiz foi o quanto buscamos como Nina sermos perfeitos em tudo que fazemos? Não que se dedicar para fazer bem feito tudo que nos propomos seja errado, mas a questão é até que ponto se vai para alcançar a tal perfeição? O que há de errado em tentar como a personagem ser perfeito? Afinal, a Palavra não diz que devemos fazer tudo segundo as nossas forças? (Ec 9:10). É aí que nos enganamos!

Me acompanhe um pouco mais...

Sabe-se há tempos que quando levado ao extremo, o “perfeccionismo” (sim! querer fazer tudo perfeito) se torna prejudicial, apresentando uma formação rígida do pensamento, gerando dificuldade de adaptação e prejudicando todas as nossas relações, como no caso da personagem do filme, a bailarina passou a ter delírios por conta de sua obsessão que a levou a desenvolver uma psicopatologia conduzindo até mesmo a impulsos de auto agressão.

A própria psicologia, compreende que o perfeccionista baseia seu valor sobre o que os outros pensam dele. Nada do que ele ou alguém faz é suficiente, uma pessoa assim se esforça excessivamente para alcançar uma perfeição irreal.

A cura para o perfeccionismo não é você se tornar obstinado, tão pouco caminhar para além de seu limite e esforço humano chegando à morte, como Nina.

O principal sinal deste problema é uma sensação de que nunca se está agindo da melhor maneira possível. É como se esse indivíduo estivesse nas pontas dos pés como no ballet, estendendo o braço ao máximo para alcançar um nível, mas nunca o consegue, por se tratar de algo irreal. Por isso vive num clima de eterna insatisfação.

A depreciação também está associada assim como a auto-imagem negativa. A ansiedade da mesma forma está presente como resultado dos atos exagerados, e da grande preocupação com o que se deve e o que não se deve fazer.

Existe tratamento para o perfeccionismo? Sim muitos. Mas apenas uma única maneira de cura. A aceitação da graça de Jesus Cristo como o meio todo-suficiente para a salvação e vida cristã. A aceitação de Deus para conosco não tem nada a ver com o nosso desvalor.

Somos seres humanos, não somos perfeitos como Ele somente é, e sempre que pensarmos diferente nossa mente criará expectativas irrealistas, realizações impossíveis o que poderá nos levar até mesmo a loucura humana.

Só a partir do momento que temos consciência e partilhamos da salvação, entendemos tudo isso e nos reforçamos para viver de acordo com o que encontramos em Filipenses 3:12.

“Não que eu já tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus”.

Assista, pare e pense! (comente se quiser...)




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