Finalmente depois da linda Natalie Portman, ter conquistado Oscar por sua impecável atuação, consegui um tempo para assistir um dos filmes do ano passado mais comentados e elogiados. Alguns amigos por conhecer meu interesse em análises de filmes, me sugeriram escrever mais um post.
O drama, como o classifiquei , de Darren Aronofsky, se inicia por meio de um sonho de Nina (Natalie Portman), ela como personagem principal do famoso balé “O Lago dos Cisnes” (saiba mais aqui). No sonho Nina é a mocinha transformada em um cisne por um mago e só o amor do príncipe poderia quebrar tal feitiço. Mas o príncipe enganado acaba se apaixonando pelo cisne negro e então o cisne branco escolhe para si a morte.
A personagem principal é realmente uma “sweet girl”, Nina Sayers é uma esforçada bailarina de 28 anos, sua vida inteira foi dedicada à dança contando sempre com o apoio de sua mãe, uma bailarina aposentada que apoiou a ambição profissional da filha.
Porém a todo o momento a reprimiu de diversas formas. Inocente a protagonista chega a ter comportamentos infantis em sua relação com o mundo e sua mãe que se apresenta como “A” perfeccionista, depositando seu sonho frustrado de ser uma grande bailarina à filha. Como super protetora, acaba fazendo com que a filha viva em função de seus desejos, não permitindo seu crescimento.
Em uma das aulas, a personagem de Portmam fica sabendo que o diretor da escola de ballet fará uma versão de “O Lago dos Cisnes” e que procura uma bailarina que seja apta a representar o cisne branco e o cisne negro. Para a escolhida, ele exige nada menos que a perfeição. Nina reconhece ser uma bailarina com técnica admirável e disciplina necessária, mas sem alguns dos elementos que a interpretação do cisne negro exigiria.
Com uma atitude ousada e oposta a sua personalidade Nina consegue o olhar do diretor e é eleita a rainha dos cines. Os ensaios começam, a personagem é pressionada física e emocionalmente pelo diretor, por sua mãe, pelas demais bailarinas, sua rival e porque não dizer por si mesma.
Diante desse desafio de "superação", insegura e sem amigos, ela acaba por expor seu lado mais selvagem, vivendo entre os delírios, as alucinações e a realidade. Neste ponto, seu lado “negro” passou a se sobrepor sem que ela pudesse controlá-lo. Até mesmo em suas costas a pele foi sendo marcada, por ela mesma no lugar do crescimento de suas “futuras asas”.
Ao longo do filme a personagem na busca desenfreada pela perfeição acaba perdendo sua capacidade de discernir entre realidade e a fantasia. A bailarina entra em um quadro psicótico e até mesmo esquizofrênico.
Enfim,durante a noite de estréia, Nina vive de forma intensa tudo isso. Sua execução é perfeita e ousada, é como se transformasse nos palcos tanto o cisne negro quanto o cisne branco. Em seu delírio seu corpo adquire asas, penas, olhos. Ao final, toda sua realidade é compreendida, entretanto não resta nada além do grande salto que lhe confere a tão sonhada perfeição reforçada pelos aplausos calorosos do público, mas também o fim de seu próprio destino.
Sem dúvida alguma, este filme é um prato cheio para horas e horas de análise psicológica; a má influência no desenvolvimento da personalidade por uma mãe neurótica e super protetora, a crise existencial pela passagem tardia à vida adulta, a influência do ambiente, a psicopatologia, as crenças centrais, intermediárias etc e etc. Embora a vontade de fazê-la tenha sido a idéia inicial, enquanto escrevia algo me transpareceu mais a mente. Ainda que seja uma história de superação para muitos, maquiada pelo lado encantador do ballet, em meio a cenas “fortes” mostradas como delírios e alucinações que são possíveis de acontecer; o filme fala de um transcender puramente humano.
O que mais me chamou atenção e em meio a minha análise enquanto assistia, foi um tema; a perfeição. E é sobre ela gostaria de escrever neste post.
A pergunta que me fiz foi o quanto buscamos como Nina sermos perfeitos em tudo que fazemos? Não que se dedicar para fazer bem feito tudo que nos propomos seja errado, mas a questão é até que ponto se vai para alcançar a tal perfeição? O que há de errado em tentar como a personagem ser perfeito? Afinal, a Palavra não diz que devemos fazer tudo segundo as nossas forças? (Ec 9:10). É aí que nos enganamos!
Me acompanhe um pouco mais...
Sabe-se há tempos que quando levado ao extremo, o “perfeccionismo” (sim! querer fazer tudo perfeito) se torna prejudicial, apresentando uma formação rígida do pensamento, gerando dificuldade de adaptação e prejudicando todas as nossas relações, como no caso da personagem do filme, a bailarina passou a ter delírios por conta de sua obsessão que a levou a desenvolver uma psicopatologia conduzindo até mesmo a impulsos de auto agressão.
A própria psicologia, compreende que o perfeccionista baseia seu valor sobre o que os outros pensam dele. Nada do que ele ou alguém faz é suficiente, uma pessoa assim se esforça excessivamente para alcançar uma perfeição irreal.
A cura para o perfeccionismo não é você se tornar obstinado, tão pouco caminhar para além de seu limite e esforço humano chegando à morte, como Nina.
O principal sinal deste problema é uma sensação de que nunca se está agindo da melhor maneira possível. É como se esse indivíduo estivesse nas pontas dos pés como no ballet, estendendo o braço ao máximo para alcançar um nível, mas nunca o consegue, por se tratar de algo irreal. Por isso vive num clima de eterna insatisfação.
A depreciação também está associada assim como a auto-imagem negativa. A ansiedade da mesma forma está presente como resultado dos atos exagerados, e da grande preocupação com o que se deve e o que não se deve fazer.
Existe tratamento para o perfeccionismo? Sim muitos. Mas apenas uma única maneira de cura. A aceitação da graça de Jesus Cristo como o meio todo-suficiente para a salvação e vida cristã. A aceitação de Deus para conosco não tem nada a ver com o nosso desvalor.
Somos seres humanos, não somos perfeitos como Ele somente é, e sempre que pensarmos diferente nossa mente criará expectativas irrealistas, realizações impossíveis o que poderá nos levar até mesmo a loucura humana.
Só a partir do momento que temos consciência e partilhamos da salvação, entendemos tudo isso e nos reforçamos para viver de acordo com o que encontramos em Filipenses 3:12.
“Não que eu já tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus”.
Assista, pare e pense! (comente se quiser...)
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